7 de abril de 2016 - Ano 08- Nº 372

Em primeiro lugar, se você recebeu mais de uma proposta de emprego nos últimos tempos, considere-se um ser humano de muita sorte! Com as perspectivas para uma taxa de desemprego de 10% em 2016 no Brasil, encontrar não uma, mas duas oportunidades de trabalho é uma grande vitória. E olha que o cenário não parece melhorar muito no futuro: segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil poderá ter um em cada cinco novos desempregados em 2017.

Quando minha colega veio me contar sobre sua dúvida, eu tentei imaginar o que eu faria se estivesse no lugar dela. Naquele momento, diversas questões passaram pela minha cabeça: será que essa empresa está em um bom momento para contratar? Que segurança vou ter nesse trabalho? O salário realmente compensa? Eu vou “pagar” para trabalhar? As pessoas daquela equipe são legais? Vou aprender mais indo para essa empresa?

Pensando nisso, separei meu processo de análise em três lacunas: reputação da empresa, avaliação financeira e objetivos profissionais.

#1: Pesquise a reputação da empresa

Já ouviu aquele ditado que diz “nem tudo que reluz é ouro”? Pois é. Na hora de fazer a proposta de emprego o recrutador pode pintar um cenário maravilhoso, contando sobre como é a empresa e os seus benefícios. No entanto, nada melhor para saber a realidade de se trabalhar em um lugar do que o próprio feedback dos funcionários que já passaram por ali. Você pode buscar essa informação de diversas maneiras diferentes. Olha só:

1. Converse com colegas de profissão ou pessoas que já trabalharam ali

Se você tem algum colega que já tenha trabalhado ou que esteja trabalhando na empresa que lhe fez a oferta, nada melhor do que chamá-lo para uma conversa para que ele conte como é fazer parte daquela companhia. É importante que ele informe como é o clima de trabalho, se a empresa realmente paga todos os benefícios prometidos, se age de acordo com as leis trabalhistas, se tem plano de carreira para seus colaboradores e se costuma reconhecer e promover os profissionais, etc.

2. Faça uma busca no LinkedIn

Se a companhia tiver uma página no LinkedIn, você poderá ver alguns perfis de pessoas que trabalham ali ou até já ocuparam o cargo que você está disputando. Nesses perfis é possível conferir a trajetória da pessoa nessa empresa (caso ela tenha ocupado mais de um cargo), os projetos que já desenvolveu enquanto trabalhava ali, os cursos que pode ter feito pela empresa, referências de quem trabalhou com ela, viagens feitas e até prêmios.
Como no LinkedIn é esperado que os profissionais sejam sinceros na descrição de suas experiências de emprego, dá para ter uma boa ideia do quanto evoluíram naquela vaga/empresa.

3. Consulte sites de avaliação de empresas e salários

Se a internet serviu para trazer mais informação para todos, um dos melhores benefícios que trouxe é a possibilidade de pesquisar sobre produtos, estabelecimentos e, claro, empresas! E tudo isso baseado na opinião de outras pessoas que passaram por essa experiência. Então, uma das melhores alternativas para quem quer conferir se uma empresa é realmente boa é consultar os serviços onde os funcionários publicam feedbacks sobre seus trabalhos.

4. Pesquise os valores da empresa

Esse item pode não parecer importante, mas faz toda a diferença quando você está decidindo entre mais de uma proposta de emprego. Aliás, um dos requisitos dos recrutadores nas companhias é que os candidatos se identifiquem com a missão, visão e valores daquela organização.
Então, além de pesquisar essas informações, faça para si mesmo as seguintes perguntas:

• O que essa empresa/ marca está fazendo para melhorar o mundo em que eu vivo?
• Que impacto ela pode fazer na vida das pessoas?
• Essa empresa é sustentável? Que medidas ela propõe para preservar o meio ambiente?
• Ela está sempre buscando formas de inovar? Ela escuta os feedbacks de seus clientes e tenta colocar tudo isso em prática?

Não sei você, mas para mim essas características significam muito. Eu não gostaria de trabalhar em uma empresa que escraviza funcionários, que sonega impostos, que polui o meio ambiente com substâncias tóxicas, que pensa de forma arcaica e que não aceita novas opiniões e mudanças em seus produtos.

#2: Avaliando uma proposta de emprego do ponto de vista financeiro

O salário pode não ser o maior motivo para escolher uma proposta de emprego, mas obviamente ele deve ser levado em consideração. No entanto, não se atente somente ao valor bruto daquela remuneração. Pense em outros aspectos como:

1. Em que o salário pode ser investido?

Se você ganhasse um bom salário, onde esse dinheiro seria investido? Em um curso de especialização? Em uma casa? Em um carro? Uma viagem? Enfim: para que propósitos você quer tanto dinheiro?
É como falei no início deste artigo: de nada adianta você sofrer para ganhar um salário de cinco dígitos se não for aproveitá-lo da melhor maneira possível.

2. Quanto dinheiro extra você terá até o fim do ano?

Depois de decidir em que você vai investir seu salário durante a nova experiência do emprego, é preciso fazer um certo planejamento para saber quanto dinheiro livre teria no período de um ano.
Pensando sob esse aspecto, é claro que faz toda a diferença você ter uma remuneração que lhe permita manter bens materiais, lazer, moradia e estudos e ainda ajude a guardar uma boa quantia para as emergências ou para projetos futuros na poupança ou em algum fundo de investimentos.

3. Quanto custará para você trabalhar nessa firma?

Você já deve ter passado pela experiência ou ouviu histórias de profissionais que pagavam para trabalhar. E é aí que mora o problema: se em vez de te ajudar a remuneração servir apenas para preencher as suas necessidades para que você consiga ficar naquele trabalho, é sinal de que deve colocar o salário de cada proposta de emprego em uma balança.
Analise quanto você gastaria com transporte para chegar na firma todos os dias, quanto gastaria para comer (caso a empresa não tenha restaurante), quanto gastaria para atender às demandas de seu cargo (caso precise de cursos, treinamentos, etc.), e também quanto gastaria em recursos para trabalhar na companhia – usar o computador ou carro próprios com certeza aumenta seu custo de trabalho, assim como o uso obrigatório de roupas sociais pode fazer gastar mais com vestimenta. Enfim, considere cada centavo que sairia de seu bolso para que você consiga, de fato, trabalhar na empresa.

4. Essa empresa vai investir em mim?

Os itens do tópico acima podem ser facilmente respondidos caso uma proposta de emprego envolva a promessa da companhia de investir no funcionário. Existem organizações que bancam desde o passe de ônibus até todos os equipamentos que a pessoa usará no trabalho. Se além disso a empresa ainda investe na educação de seus colaboradores, melhor ainda! Afinal, você já viu quanto custa aquele MBA ou aquele treinamento? Caro, né?
Investimentos assim fazem com que o profissional se sinta valorizado e ainda consiga sair da experiência de emprego com muitos conhecimentos no currículo.

#3: Avaliando os objetivos profissionais

Que atire a primeira pedra o profissional que nunca ouviu aquela perguntinha ”Onde você se vê daqui a cinco anos?”. Tudo bem que quando eu ouvi isso ainda estava procurando estágio e com certeza me imaginava de um jeito completamente diferente do que descrevia. Mas, quando existem diferentes ofertas de emprego disputando pelo seu trabalho, você deve voltar a essa pergunta e tentar respondê-la com muita sinceridade. Sério, onde quer chegar daqui um tempo? Os seus objetivos profissionais fazem toda a diferença na hora de optar entre duas ofertas de emprego. Confira alguns fatores que você pode analisar sob essa perspectiva:

1. Onde esse emprego o levará a longo prazo?

Se você busca uma escalada de sucesso em uma empresa, é preciso avaliar o quanto o plano de carreira oferecido em cada vaga poderá ajudar. Você almeja ser um CEO? Pesquise sobre a história do atual presidente da companhia e veja de onde ele veio, como chegou ali.

2. Ao trabalhar nesse cargo, que portas abririam para você no futuro?

Subir um degrau na escada de liderança é um item importantíssimo a ser levado em consideração quando se tem mais de uma proposta de emprego em mãos. Se em uma das ofertas de trabalho você assumirá responsabilidades maiores, esteja certo de que essa experiência poderá contar muito quando for procurar um emprego em cargos que exigem um certo nível de gestão. Aceitar uma oportunidade como coordenador, por exemplo, poderá permitir que você dispute vagas de gerência em outras empresas ou até mesmo dentro da companhia dali um tempo.

3. O quanto você aprenderá nesse novo emprego?

Que desafios e aprendizados uma nova experiência de trabalho trariam? Lembra daquela pesquisa que citei no artigo sobre mudar de emprego? Pois é o seguinte: profissionais que enfrentam desafios no trabalho são mais felizes. Ponto. Eu duvido que você prefira estar acomodado em um trabalho. Aprender coisas novas faz com que a gente continue levantando cedo motivado para trabalhar todos os dias. E um trabalho sem muitas novidades e aprendizados…bem, ele faz com que a gente queira simplesmente pular aquela fase para a parte das férias. Quando for analisar as duas propostas, tente se informar ao máximo sobre quais tarefas você desempenhará, quais metas deverá alcançar e quais habilidades precisará usar e adquirir. Considere também fatores como a possibilidade de mudar de área dentro da empresa e quais chances você teria de aprender com profissionais renomados do mercado. Ter um mentor que é referência na área ou cargo que você deseja alcançar com certeza fará toda a diferença.

4. Qual proposta de emprego permite que você se dedique mais aos seus projetos pessoais?

Todo mundo tem um sonho. E geralmente esse sonho está atrelado a um projeto pessoal. Pode ser um novo empreendimento, a criação de uma solução inovadora, ou a possibilidade de transferência internacional pela própria empresa. Então, qual seu sonho? Como as ofertas de emprego que você recebeu podem ajudar a alcançá-lo? Se você tem o sonho de trabalhar no exterior, por exemplo, confira se a companhia possui filiais espalhadas pelo mundo e se tem algum programa de intercâmbio de profissionais entre esses países. Ou então, se o seu objetivo de vida é construir a sua própria empresa, analise qual das vagas oferece mais flexibilidade para que você tenha mais tempo livre para se dedicar a esse projeto.

Fonte: Jornalista Adeline Daniele - blog http://www.hackeandoacarreira.com/