"Quando falamos sobre futuro do trabalho, podemos focar em 2030 ou 2040. Mas também precisamos falar sobre o que está acontecendo hoje", diz Leandro Herrera, cofundador da Tera. Segundo ele, mais do que apostar em previsões, as estratégias para o futuro devem ter como foco sua própria imprevisibilidade.
Herrera integrou, no início de dezembro, a programação do Festival de Inovação e Cultura Empreendedora (Fice). O debate abordou o futuro do trabalho e também reuniu Conrado Schlochauer, cofundador da Affero Lab e embaixador do chapter São Paulo da Singularity University, e Hugo Silveira, sênior community manager do WeWork.
Para os executivos, as mudanças pelas quais o mercado de trabalho tem passado são inegáveis e devem ser vistas com atenção pelos profissionais. Por outro lado, Schlochauer questiona o modo como as pessoas temem e culpam a tecnologia por esse processo. "Como você liga o rádio?", questiona ele. "A tecnologia sempre esteve aí. Ela só não era tão sexy".
O cofundador da Affero Lab destaca que, mais do que eliminar cargos, a tecnologia tem o potencial de criar muitos outros. Por isso, a discussão principal deve estar em torno do que se faz com ela. "A enxada é uma tecnologia e o drone é uma tecnologia. É uma questão de a pessoa aprender a usar", diz.
A discussão também passa pelo modo como se busca aprendizado. "Os funcionários querem se capacitar, mas não do modo tradicional, em que os professores escrevem em um quadro", destaca Hugo Silveira, do WeWork. "A empresa precisa dar capacitação de uma forma que motive o funcionário".
A iniciativa pessoal, porém, ainda é considerada a mais importante. É preciso saber onde focar os esforços, além de ter objetivos claros sobre o porquê de estar buscando tais conhecimentos. "Nós costumamos pensar que aprender só tem a ver com consumir conteúdo. Mas trata-se, essencialmente, de melhorar uma performance", diz o cofundador da Affero Lab. Leandro Herrera destaca, por sua vez, a necessidade de conhecer as próprias habilidades – e as realmente requeridas pelo mercado de trabalho.
"Também precisamos romper o pensamento de que há pessoas que trabalham com tecnologia e pessoas que não", diz o cofundador da Tera. "Você não precisa necessariamente aprender a programar machine learning, mas com certeza precisará aprender o modelo conceitual de como isso funciona". Já para o executivo do WeWork, as habilidades do futuro são as emocionais e comportamentais.
Na visão de Herrera, o futuro do trabalho diz respeito, essencialmente, a uma tendência de fragmentação. "Acredito que vamos trabalhar com projetos", diz ele. "Se seu trabalho não proporciona o aprendizado e as experiências que você quer, nada impede de criar o seu próprio projeto e aprender com ele".
Fonte: Época Negócios.
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